sábado, 26 de setembro de 2009

Corticóides ajudam a prevenir fibrilação atrial após cirurgia cardíaca


O emprego per operatório de corticóides reduz o risco de fibrilação atrial (FA) pós-operatória em mais de 50%, nos pacientes submetidos a cirurgias cardíacas, de acordo com uma meta-análise de dados de ensaios clínicos.

“Este tratamento apresenta uma relação bastante favorável de risco/benefício e deve ser considerado em todos os pacientes submetidos a um procedimento envolvendo circulação extracorpórea”, segundo o co-autor Dr. Paul E. Marik, em correspondência eletrônica enviada ao Reuters Health. Dr. Marik já foi da Thomas Jefferson University, na Filadélfia, e está, hoje, na Eastern Virginia Medical School, em Norfolk.

As medidas profiláticas atuais para controlar a fibrilação atrial (FA) relacionada a cirurgias cardíacas, que acomete até 60% dos pacientes, são inadequadas, ressaltam Dr. Marik e colaboradores, no Journal of Critical Care.

“Corticóides reduzem a ativação da resposta pró-inflamatória (incluindo a proteína C reativa), após um procedimento envolvendo circulação extracorpórea e diminuem o risco de FA pós-operatória”, ressaltam eles.

Os pesquisadores identificaram sete estudos randomizados controlados com placebo que avaliaram o papel dos corticóides na prevenção da FA após cirurgias cardíacas.

Os estudos envolveram um total de 1.046 pacientes. As doses acumuladas de corticóide foram classificadas como baixas (menos do que o equivalente a 200 mg de hidrocortisona por dia), moderadas ( de 200 a 1.000 mg/dia), altas (1.001 a 10.000 mg/dia) ou muito altas (maior que 10.000 mg/dia).

No total, os corticóides apresentaram um efeito protetor contra a FA pós-operatória (odds ratio, 0,42; p = 0, 0004), de acordo com os pesquisadores. Contudo, houve uma heterogeneidade significante entre os estudos.

Quando foram excluídos os ensaios utilizando as doses baixas e muito altas da referida droga, o efeito terapêutico foi altamente significante (odds ratio, 0,32; p < 0, 00001), "com uma heterogeneidade extremamente sutil".

Este efeito foi observado com e sem o emprego concomitante de beta-bloqueadores, segundo a equipe do estudo.

“Embora a dose ótima, o intervalo entre as doses e a duração do tratamento não estejam muito esclarecidos, uma única dose fornecida na indução anestésica pode ser apropriada”, concluem o Dr. Marik e colaboradores.

Além disso, eles ressaltam que, devido ao fato de níveis elevados de proteína C reativa serem capazes de exercer um papel no declínio neurocognitivo após uma cirurgia cardíaca, “a repercussão do tratamento desta importante complicação requer uma investigação” também.

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