A terapia combinada de um antipsicótico atípico e um inibidor seletivo de recaptação de serotonina são mais eficazes no tratamento da depressão psicótica do que o tratamento com um antipsicótico atípico isolado sugere um ensaio controlado randomizado de 12 semanas.
Pesquisadores do Study of Pharmacotherapy of Psychotic Depression (STOP-PD) constataram que olanzapina mais sertralina alcançaram maiores taxas de remissão em pacientes com depressão maior (DM) e características psicóticas em comparação com olanzapina mais placebo. O tratamento combinado também foi superior à monoterapia tanto nos pacientes jovens quanto nos idosos.
Entretanto, ambos os grupos de tratamento apresentaram alterações metabólicas atribuídas ao uso de um antipsicótico atípico, incluindo aumento das concentrações de colesterol e triglicerídeos, bem como aumento de peso, com aumento de peso significativamente maior nos adultos jovens do que nos seus pares idosos.
"O tratamento combinado de olanzapina mais sertralina foi associado a uma maior taxa de remissão do que com a monoterapia com olanzapina em pacientes com depressão maior com características psicóticas. Os benefícios da terapia combinada se tornaram mais evidentes à medida que o ensaio de 12 semanas progrediu, com um limite a favor da olanzapina/sertralina a partir da 8ª semana até o fim do ensaio", escrevem os pesquisadores.
Eletroconvulsoterapia é o tratamento de escolha atual
Segundo o estudo, 15% a 20% dos indivíduos com depressão maior apresentam características psicóticas. No entanto, em uma estimativa de 45%, as taxas de prevalência relatadas entre pacientes idosos internados são muito maiores.
Além disso, os autores observam que a depressão psicótica está associada a desfechos em curto prazo mais desfavoráveis, tempo de recuperação mais longo, maior incapacidade residual e mortalidade mais elevada do a que depressão maior sem psicose.
Até o momento, o tratamento recomendado foi restringido à eletroconvulsoterapia ou terapia combinada de antidepressivos tricíclicos e medicamentos antipsicóticos convencionais. Entretanto, as evidências da terapia combinada têm sido limitadas.
Os autores ressaltam que, em contraste com estudos com adultos jovens, estudos em populações geriátricas não demonstraram uma maior eficácia do tratamento combinado com antidepressivos tricíclicos e antipsicóticos convencionais.
Perante este cenário, os pesquisadores procuraram determinar se a terapia combinada com antipsicóticos de nova geração e antidepressivos era mais eficaz do que a monoterapia com antipsicóticos atípicos em pacientes com depressão psicótica. Eles também avaliaram se a resposta ao tratamento era diferente por idade.
A seleção dos dois medicamentos de estudo foi baseada em pesquisas anteriores, mostrando que a olanzapina, um antipsicótico atípico, possui um efeito antidepressivo agudo e que a sertralina, um inibidor seletivo de recaptação de serotonina, é eficaz para a depressão maior com características psicóticas.
No total, 259 indivíduos com 18 anos de idade ou mais, com depressão maior e características psicóticas foram incluídos no estudo. Os participantes foram randomizados por faixa etária: abaixo de 60 anos ou com 60 anos ou mais. No total, havia 117 adultos jovens e 142 participantes idosos.
Os participantes elegíveis incluíam a presença de pelo menos uma convicção delirante, um escore de 2 ou superior em um dos itens de convicção da Delusional Assessment Scale e um escore de 3 ou mais no item de classificação de gravidade do delírio do Schedule for Affective Disorders and Schizophrenia.
Todos os pacientes tiveram escores de 21 ou mais na Escala de Depressão de Hamilton. Foram excluídos pacientes com história de demência ou função cognitiva deficiente antes do episódio depressivo atual. Os indivíduos eram igualmente excluídos se preenchessem critérios para outro transtorno de humor ou psicótico do Eixo I, transtorno dismórfico corporal atual, ou transtorno obsessivo-compulsivo, ou abuso de substâncias durante os três últimos meses.
Os pacientes foram randomizados para receber doses alvo de 15 a 20 mg/dia de olanzapina mais sertralina revestida ou placebo em 150 a 200 mg/dia.
Os efeitos metabólicos são uma importante preocupação
Na conclusão do ensaio de 12 semanas, os pesquisadores descobriram que o tratamento com olanzapina/sertralina foi associado a maiores taxas de remissão durante o ensaio do que olanzapina/placebo (odds ratio, 1,28; intervalo de confiança de 95%, 1,12-1,47, p <0,001>versus 23,9% daqueles tratados com olanzapina isolada.
Além disso, o estudo mostrou que a terapia combinada foi comparativamente superior tanto no grupo etário mais jovem quanto no mais idoso. Embora ambos os grupos etários tenham apresentado aumentos significativos nas concentrações de colesterol e triglicerídeos, ocorreram aumentos estatisticamente significativos da glicose em adultos jovens.
Além disso, embora ambos os grupos tenham apresentado um aumento de peso, os adultos jovens ganharam significativamente mais peso do que seus pares mais idosos - um ganho médio de 6,5 versus 3,3 kg.
Os achados do estudo sugerem que a terapia combinada é eficaz e oferece aos médicos e seus pacientes uma alternativa viável à eletroconvulsoterapia, a qual é geralmente considerada o tratamento de escolha para esse distúrbio, mas não sem desafios.
Os pesquisadores observam que, embora a eletroconvulsoterapia bilateral tenha uma taxa de resposta de 87% quando administrada em centros acadêmicos, a resposta quando administrada no cenário da comunidade é muito menor, variando de 30% a 47%. Além disso, eles acrescentam, o tratamento farmacológico pode ser mais prático e menos estigmatizante para os pacientes.
No entanto, dizem os pesquisadores, os efeitos adversos metabólicos associados aos antipsicóticos atípicos são uma grande preocupação.
"Mais estudos sobre a duração ideal da terapia combinada contínua são necessários para equilibrar o alto risco de recaída precoce da depressão maior com características psicóticas em oposição às alterações metabólicas e aumento de peso significativo associados aos medicamentos antipsicóticos atípicos", escrevem eles.
Dr. Meyers declarou que forneceu consultoria legal para AstraZeneca e recebeu apoio financeiro para pesquisa ou honorários de Cyberonics, Eli Lilly, Forest Laboratories, Organon e Pfizer. Uma lista completa das declarações dos conflitos de interesses dos outros autores pode ser encontrada no estudo.
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